Calor humano
Foram quase 12 horas de viagem ao Brasil. Minutos após descer do avião
Airbus A330 da Alitalia, que saiu do Aeroporto de Fiumicino, próximo a
Roma, às 8h55 (3h55 em Brasília), Francisco cumprimentou autoridades e
religiosos que o aguardavam ao longo de um tapete vermelho estendido na
pista do Galeão e ouviu o Hino da Jornada de um coral de 140 crianças.
Fotos divulgadas pela agência de notícias AP mostraram o Papa Francisco
conversando com jornalistas durante o voo. Segundo o porta-voz do
Vaticano, Frederico Lombardi, o Papa ficou 15 minutos na cabine do avião
na aterrissagem. "Tivemos medo", brincou. Segundo ele, o Papa teve uma
viagem tranquila, mas muito ativa, com "uma energia extraordinária". O
porta-voz disse ainda que Francisco pediu ajuda aos jornalistas no voo
porque ele veio para dar sua mensagem e, sem eles, ela ficaria apenas
parcial.
Após os cumprimentos, Francisco entrou em um carro em direção à Catedral
Metropolitana de São Sebastião, no Centro do Rio. Dezenas de pessoas
acenavam durante o trajeto. O carro chegou a ficar detido em um
congestionamento. O Papa manteve o vidro aberto, devolvendo as
boas-vindas.
Próximo à catedral, o carro foi novamente cercado por uma multidão, mas
o Papa continuou acenando com a janela aberta, protegido por
seguranças.
Segundo Lombardi, o Papa pediu menos segurança e gosta de ter contato
com as pessoas, não de militarização. "Foi a primeira experiência, ele
acabou de chegar. Vimos o entusiasmo das pessoas. Isso é algo novo,
talvez uma lição para os próximos dias. Temos que achar a maneira
correta", disse, destacando o entusiasmo da população brasileira.
Francisco subiu então no papamóvel em direção ao Theatro Municipal. O
primeiro desfile no veículo, sem proteção lateral, foi acompanhado por
centenas de fiéis. Francisco foi aplaudido, fotografado e parou para
beijar crianças.
"Fiquei em êxtase. Esse era um sonho meu, eu já vi pra cá com essa
intenção", disse a mãe de uma delas, o menino Guilherme Mendes, de 2
anos, que foi abençoado com o sinal da cruz.
Depois, Francisco embarcou em outro carro até o 3º Comando Aéreo
Regional (Comar). Por volta das 17h50, foi de helicóptero até o Palácio
Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul, encontrar-se com a presidente
Dilma Rousseff, o governador do Rio, Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo
Paes e outras autoridades. Às 18h, o Papa chegou ao palácio do governo,
onde proferiu seu discurso.
Protestos
Ao menos três grupos se reuniram no Largo do Machado, na Zona Sul do
Rio, para protestar contra a visita do Papa. No início da noite, houve
tumulto em frente ao Palácio da Guanabara, quando o Papa já havia
deixado o local. Manifestantes jogaram bombas de fabricação caseira em
policiais, que revidaram com balas de borracha, jatos d'água e bombas de
gás lacrimonêneo.
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