Há menos afrodescendentes no Congresso do que na elite econômica do país
Bancada religiosa é a que mais tem pretos e pardos; ruralista, a que menos tem
Os pretos e pardos representam metade da população brasileira, mas apenas 9,8% dos deputados e senadores, segundo levantamento da Transparência Brasil. Considerado apenas o Senado, pretos e partos compõem somente 3,7% da Casa – 3 de um total de 81 senadores. Na Câmara, a parcela é de 10,7% – 55 dos 513 deputados.
A participação de afrodescendentes no Congresso é mais baixa até do que na elite econômica do país. Entre o 1% mais rico da população, 16% são pretos e pardos.
O levantamento foi feito pelo pesquisador Renato Abramowicz Santos, a propósito doDia da Consciência Negra, comemorado nesta quarta-feira, 20 de novembro, em todo o país. A data é feriado em mais de mil cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, segundo a “EBC”.
Somente 3 Estados têm uma bancada com mais de 20% dos congressistas pretos ou pardos: Maranhão, Acre e Roraima. Em 10 Estados não há nenhum congressista preto ou pardo –nessa lista estão inclusive Piauí, Amazonas e Sergipe, onde mais de 70% da população é preta ou parda (tabela abaixo).
A diversidade racial apresenta grande variação entre os partidos. Em números absolutos, o PT é a legenda com mais pretos e pardos: 15. Em seguida estão o PMDB e o PRB, com 6 congressistas cada.
Em termos relativos, excetuados os partidos nanicos (com bancadas inferiores a 5 congressistas), o PRB é o campeão: tem 54,6% de pretos e pardos (5 de 16), seguido pelo PC do B, com 31,3% (5 de 16).
Abaixo, relação dos partidos com ao menos 1 congressista preto ou pardo.
Segundo a Transparência Brasil, a maior taxa de pretos e pardos está na bancada religiosa (18,8%) e a menor, entre os ruralistas (2,65%).
A mediana do patrimônio declarado pelos pretos e pardos é menos do que a metade da mediana do universo total dos congressistas: R$ 308.584 ante R$ 738.893.
O pesquisador Renato Abramowicz Santos optou por utilizar a mediana –o elemento central de todos os patrimônios organizados em ordem crescente– e não a média –soma de todos os patrimônios dividida pelo número de elementos– para evitar distorções devido ao baixo número de congressistas negros e pardos.
Metodologia
Como os congressistas não são obrigados a declarar etnia ou cor, a Transparência Brasil, em parceria com pesquisadores do Laeser (Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro) atribuiu a etnia ou cor dos políticos com base em fotos oficiais e de campanha.
A metodologia é conhecida por heteroclassificação. Não houve consenso entre os pesquisadores na classificação de 2 congressistas, que não entraram nas estatísticas.Dr Allan Marcio