Rodovias por onde passam 2 milhões de caminhões escondem, às suas margens, 1.820 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes
A influência dos portos na prostituição se estende para além do atracadouro. As estradas brasileiras, por onde passam 2 milhões de caminhões por dia, escondem às suas margens 1.820 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes. Mapa da Polícia Rodoviária Federal e da Orga¬¬nização Internacional do Trabalho mostra esses locais na rota dos portos. A exposição diária à prostituição de beira de estrada põe uma parcela desses caminhoneiros como protagonistas da exploração sexual ao lado dos pais das crianças, de policiais corruptos e donos de bares ou boates. Há mais com que se preocupar.
Estudo da Confederação Na¬¬cional do Transporte (CNT) confirma a presença de crianças e adolescentes em metade dos locais de prostituição de beira de estrada. Quem confirma são os próprios caminhoneiros, numa amostra de 211 entrevistados em todas as regiões do país. Oito entre dez motoristas confirmam a prostituição adolescente, em especial de meninas. É comum caminhoneiro com prostituta na boleia, ou dando carona a crianças e adolescentes, apesar de proibido. Não raro, a viagem acaba em programa sexual. O caminhoneiro pode se tornar ator da exploração mesmo de forma involuntária, apenas por se prestar ao favor da carona.
A carona em caminhões é um meio de transporte recorrente em várias regiões do país. Muitas vezes, porém, esse tipo de favor camufla a prostituição de beira de estrada. Crianças e adolescentes passam de um caminhão para outro, indo procurar clientes em outras cidades e fazendo programas inclusive com os próprios caminhoneiros. Convém, no entanto, não culpar a todos por causa de uma minoria. A advertência parte de quem já passou pela experiência da generalização
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