(Reprodução G.1
A diarista Ana Maria da Silva diz que não fez compra nenhuma e, mesmo assim, descobriu que tinha uma dívida de quase R$ 220 milhões. O valor é três vezes maior do que o prêmio mais alto já pago pela Mega-Sena. Vítima de fraude, ela foi acusada de dar calote no comércio, e também é alvo de processos na Justiça de São Paulo.
Ana Maria diz que não sabe como surgiu a dívida milionária. Só na Caixa Econômica Federal, a diarista descobriu que devia quase R$ 220 milhões, como demonstra um extrato de 12 de agosto de 2009. "Nunca comprei nada nesse valor porque eu não ganho isso; sou faxineira", afirma.
Os problemas dela começaram nove anos atrás, quando decidiu comprar em uma loja de departamentos. E descobriu, por acaso, que alguém tinha usado o nome e o CPF dela para fazer compras no crediário. “Já estava uma dívida de R$ 690. A gerente mandou eu ir na delegacia, fiz o B.O. e fui na Serasa. Já tinha quatro cheques devolvidos". As informações são do saite G.1.
Os cheques devolvidos eram de uma conta aberta numa agência da Caixa Econômica Federal em Sumaré, região de Campinas - onde Ana Maria diz que nunca esteve. Uma cópia de um cheque protestado mostra que o nome e o CPF do titular da conta são iguais aos da diarista. Mas a assinatura, não.
Há cheque até de Barra do Piraí, no Estado do Rio. O caso chamou a atenção da Defensoria Pública. “Infelizmente, é corriqueira essa situação. Mas, nesse valor, realmente chama muito atenção”, afirma o defensor público Luiz Rascovski.
Como a dívida chegou a quase R$ 220 milhões?
Por e-mail, a Caixa disse que também foi vítima de fraude e que a dívida milionária é resultado de uma simulação, que projeta a evolução de juros e tarifas. A Caixa afirma que a conta foi encerrada em 20 de janeiro de 2001 e que Ana Maria nada deve ao banco.
Quem usou o nome da diarista para abrir a conta na Caixa também aplicou vários outros golpes. A Defensoria suspeita que as dívidas mais altas foram feitas por empresas fantasmas abertas no nome dela. Em nove anos, a diarista foi acusada de dar calote no comércio, e também é alvo de ações judiciais.
Em uma consulta preliminar, só na Justiça Estadual, Ana Maria aparece como ré em 71 ações. O defensor púbico Luiz Rascovski já solicitou informações também à Justiça Federal e à Junta Comercial de São Paulo. Quando limpar o nome, ela só deseja uma coisa. "Eu quero comprar um apartamento no CDHU. Por causa desse nome sujo não consigo me inscrever em lugar nenhum."
Com os quase R$ 220 milhões que apareceram como dívida na sua conta, ela poderia comprar 5.500 casas populares. Para buscar ajuda da Defensoria Pública do Estado - desde que sua renda familiar seja de até três salários mínimos - é preciso levar o RG, um comprovante de renda e um comprovante de residência.
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