O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestaram repúdio ao artigo do sociólogo Demétrio Magnoli, intitulado "O Jornalismo Deliquente", publicado na Folha de S.Paulo. No texto, o autor critica dois repórteres do jornal, responsáveis pela matéria "DEM corresponsabiliza negros pela escravidão".
A reportagem, assinada por Laura Capriglione e Lucas Ferraz, aborda uma audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF). Na sessão, segundo os jornalistas, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), tentou demonstrar o sistema de corresponsabilidade de negros no sistema escravista vigente no Brasil durante quatro séculos".
"Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana.", declarou o senador, ao comentar o tráfico de escravos. Na ocasião, Torres ainda criticou o sistema de cotas para afro-descendentes.
Para Magnoli, os jornalistas da Folha escreveram um "panfleto disfarçado de reportagem" e tentaram "fazer da história um escândalo". "O jornalismo que abomina os fatos precisa de ajuda. O instituto da escravidão existia na África (como em tantos outros lugares) bem antes do início do tráfico atlântico (...) Amnésia lá, falsificação, manipulação e mentira aqui. Sempre em nome de poderosos interesses atuais", escreveu o sociológico.
Na avaliação da Fenaj e do SJSP, o artigo de Magnoli é um "um ataque covarde e desqualificado contra dois profissionais da Folha". No texto, as entidades ainda repudiam os termos utilizados pelo sociólogo, como "delinquentes" e "falsificação", e diz que os jornalistas apenas reportaram as falas do senador.
"O ataque é particularmente descabido pelo simples fato de que os repórteres restringiram seu trabalho a reportar as terríveis declarações do senador. Ao que parece, o sr. Magnoli presta um socorro ao parlamentar do DEM, certamente acuado pela repercussão negativa de suas infelizes palavras", afirmam as entidades, acrescentando que tanto Torres quanto Magnoli tentam "reescrever a história, apagando os horrores da escravidão". fonte Portal da Imprensa
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