Quando a secretária do médico anunciou em voz alta o nome da próxima pessoa a ser atendida, todos que estavam na sala de espera passaram a olhar para a paciente. Ninguém a conhecia, mas o sobrenome soava familiar: Maria Nardoni.
"As pessoas pararam para me ver, certamente achando que sou parente do Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha, Isabella", conta a professora de 56 anos, que mora em São Paulo e trata logo de dizer que não é parente dele. "Depois de chamar meu nome, a primeira pergunta da mulher foi se eu era parente do Alexandre. Respondi que não e disse que ela estava me constrangendo."
Segundo a professora, logo após o crime, em março de 2008, parentes dela chegaram a ser acusados de assassinos em ligações telefônicas anônimas. "Nem sabia que existia outra família com o mesmo sobrenome em São Paulo. Meu avô veio da Itália e se estabeleceu no interior, só depois alguns descendentes vieram para São Paulo. O Alexandre não é da família, mas é comum as pessoas reagirem com desconfiança ao saberem meu sobrenome."
A assistente administrativa Cláudia Nardoni, 39, conta que também é alvo de olhares de reprovação de quem descobre seu sobrenome. "Quando soube do crime, fui pesquisar se havia algum parentesco com o Alexandre, mas não tem. Minha família é do Paraná e tenho poucos parentes morando em São Paulo. Não conhecemos a família do Alexandre", diz.
A irmã dela, a contadora Maria Luíza Nardoni, 51, também já viveu constrangimentos devido ao sobrenome. "Quando a gente vai comprar alguma coisa e paga com cartão, ao entregá-lo ao vendedor já ficamos esperando a reação. Ele lê o nome, identifica o sobrenome e dá uma olhadinha pra gente." (Com informações da da Folha de São Paulo).
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