Jornal O Repórter Regional

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Decreto de José Serra ocasionará 346 desapropriações e deixará mais de 5 mil trabalhadores desempregados

Serra da Cantareira, na Grande São Paulo, ganha quatro novas áreas de proteção ambiental que serão utilizadas para pesquisa e ecoturismo e com isso haverá mais de 346 desapropriações e mais de 5 mil trabalhadores ficarão desempregados. O decreto 54.746 foi assinado pelo ex-governador José Serra com o apoio do secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano.
Segundo os moradores locais, o governo, ao contrário do que anuncia, não atendeu as necessidades das prefeituras e da população local afetada. Houve manifestações contrárias a desapropriação nas quatro audiências públicas realizadas, já que os moradores acreditam que seja possível conservar e proteger as áreas demarcadas sem a necessidade de prejudicar os agricultores e produtores rurais que dependem da terra para o sustento das famílias.
“A criação desses novos parques é puramente eleitoreira e dão uma falsa imagem de proteção ambiental, pois ninguém melhor do que os próprios moradores, agricultores e produtores para conservar o meio ambiente, pois dependemos da terra para sobreviver. A região já é uma Área de Proteção Ambiental e está submetida às leis do Código Florestal aonde é proibido cortar mata nativa, preservar 30 metros das margens dos córregos e 50 metros em volta das minas de água, por exemplo”, ressalta Hilel Freitas Clare, produtor de Nazaré Paulista.
Segundo Clare, o governo deveria investir mais em reeducação ambiental, tecnologia, capacitação, cursos de biologia da conservação, aparelhamento dos órgãos de fiscalização, projetos e programas de parceria com os produtores remunerando àqueles que preservem o meio ambiente, etc. “Todas essas sugestões poderiam trazer novas perspectivas no campo, fixando o produtor e agricultor no campo, demonstrando que preservação ambiental não se resume apenas em desapropriações, mas sim em desenvolvimento econômico social, gerando benefício a toda sociedade”, afirma.
Muitos moradores entraram em desespero ao perceber que perderão o trabalho de toda uma vida de uma hora para outra. “Já tive conhecimento de pessoas que entraram em depressão e também de um agricultor, pai de cinco filhos que cometeu suicídio depois da notícia da desapropriação” afirma o produtor. “Por isso é importante tentar cancelar as desapropriações e lutar pela implantação dos projetos de educação ambiental, pois dessa forma todos serão beneficiados com o decreto” finaliza Clare.

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