Os moradores de Pitanga, no centro do mapa do Paraná, conseguem feijão de graça se tiverem como buscar o alimento na zona rural. Em protesto contra a queda nos preços, os agricultores estão doando a produção para a população. Eles justificam a decisão radical dizendo que o custo da lavoura chega ao dobro do valor que o mercado oferece por saca de 60 quilos.
“Quando plantei, paguei R$ 300 a saca de semente. O governo prometia pagar o preço mínimo de R$ 80 na colheita, mas hoje nem mesmo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) quer comprar. Não sei o que fazer com tanto feijão, que começa a estragar nos próximos dias. Pelo visto, terei prejuízo de novo. Me oferecem R$ 40 por saca”, diz o produtor Maurício Stipp.
Desequilíbrio
Produção além do consumo
O preço do feijão voltou a cair porque a produção aumentou além do consumo. A explicação surge todo ano no auge da safra e mostra que falta planejamento ao setor. “O produtor olha só o que acontece no momento do plantio (entressafra). Se o preço está alto, planta mais”, afirma o presidente do Conselho Administrativo do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Lüders.
O Ibrafe planeja uma campanha de incentivo ao consumo, na tentativa de reverter a situação, mas ainda não conseguiu fundos. Neste momento, tenta articular restrições ao uso de ticket alimentação na compra de bebida alcoólica e cigarro. Para que a legislação fosse cumprida, o ideal seria a distribuição de cestas de produtos básicos “como o feijão” aos trabalhadores, defende Lüders.
O Paraná plantou 340 mil hectares de feijão na safra atual – 6% a mais que um ano atrás. O preço da saca de 60 quilos (preto e de cor) caiu a R$ 40 em Ivaiporã e em Apucarana, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral). São 66 centavos por quilo. gazeta Maringá
Nenhum comentário:
Postar um comentário