Ney Peixoto do Valle morreu aos 83 anos, no domingo (1º/4), em Salvador, após um acidente vascular cerebral. Fluminense de Macaé, formado em Administração de Empresas, radicou-se no Rio e começou no Jornalismo no extinto Diário Carioca. No início da década de 1950, passou a trabalhar no Departamento de Relações com os Acionistas da Esso Brasileira de Petróleo, e ali, em 1955, convenceu a direção da empresa a criar um prêmio para jornalistas nos moldes do americano Pulitzer, o Prêmio Esso de Reportagem. O certame, com 56 edições ininterruptas e hoje chamado Prêmio Esso de Jornalismo, tornou-se o reconhecimento mais importante dos profissionais do setor no País.
Depois de sair da Esso e de uma temporada como diretor comercial da LTB (Listas Telefônicas Brasileiras), Valle fundou, em meados da década de 1960, com Arides Visconti, a ACI – Assessoria de Comunicação Integrada, uma das primeiras agências brasileiras que se propôs, entre outras atividades, a intermediar o relacionamento das empresas com a imprensa, com escritórios no Rio e em São Paulo. Nessa época, foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Relações Públicas, que deu origem aos Conselhos Regionais da categoria, os Conrerps.
Em sua gestão, estabeleceu princípios éticos e procedimentos que garantissem a confiabilidade do trabalho de RP, com base na conduta que impunha à ACI, e lutou pela regulamentação da profissão, o que veio a ocorrer em 1967. Nos anos 1980, a agência, então com 15 anos de funcionamento, associou-se à americana Hill&Knowlton. Três anos depois, foi vendida. Visconti, sócio por mais de 20 anos, diz dele: “Profissionalmente, tinha enorme capacidade, uma visão muito acertada do trabalho da imprensa e da forma como conduzir a Comunicação. Pessoalmente, foi um dos meus melhores amigos; sinto sua falta. Perco um grande companheiro e a imprensa perde um grande profissional”.
Após a venda da ACI, Valle abandonou a Comunicação, mudou-se para Nova Friburgo, no Estado do Rio, e montou uma bem sucedida fábrica de alimentos. Há oito anos, precisou fazer um tratamento de saúde e havia, em Salvador, um hospital de referência. Aclimatou-se, tinha um filho que já trabalhava lá, e não mais saiu da cidade.
Vendeu seus bens no Estado do Rio e montou uma empresa de aquecimento solar. Incansável, fundou uma Associação de Moradores no bairro em que morava, a Pituba. Passou a presidência da entidade na véspera de sofrer o derrame. Foi casado por 34 anos com Sueli Groetzner, que conheceu quando ela trabalhava em editoração gráfica na ACI. “Inteligente, criativo e, acima de tudo, íntegro”, lembra Sueli. Ney deixa também três filhos e seis netos. Da última fase, seu filho Alexandre comenta: “Era intelectualmente inquieto, nunca se acomodou. Apesar de carinhoso, era rigoroso, procurava fazer tudo de forma correta. Mas a ida para Salvador desenvolveu seu lado mais humano, de interagir com o povo na rua. Arrematou a vida dele com essa pegada humana. Morreu serenamente – ficou internado só um dia e meio – com todos os filhos do lado”.
A missa de 7º. dia acontece 2ª.feira (9/4), às 18h, na igreja de N.Sra. do Brasil, Av. Portugal 772, na Urca.
Por: Jornalistas&Cia
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