Jornal O Repórter Regional

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Introdução da cartilha lançada pela Arquidiocese

Em outubro deste ano, acontecerão as eleições municipais em que estaremos escolhendo, entre os candidatos e candidatas, Prefeitos(as),vice-prefeitos(as) e Vereadores(as) de nossas cidades. A Arquidiocese de Maringá, por meio de suas Pastorais Sociais e do Conselho de Leigos, deseja dar sua contribuição a todos os cidadãos e comunidades para que possam participar intensamente da campanha eleitoral, fundamentados na Doutrina Social da Igreja e nas orientações da CNBB.
O objetivo desta Cartilha é ajudar os eleitores no discernimento do perfil ético e das verdadeiras motivações daqueles que se apresentam como candidatos. Os futuros eleitos de nossas cidades serão a “cabeça e o coração dos eleitores”, portanto, o cristão tem dupla responsabilidade nesta empreitada. Responsabilidade do bom uso da “razão” e da “fé”, das quais não pode negligenciar: “Ao negligenciar os seus deveres temporais, o cristão negligencia os seus deveres para o próximo e o próprio Deus e coloca em perigo a sua salvação eterna” (GS, 43). Passar horas diante do sacrário é tão importante quanto votar bem. Votar bem é tão importante quanto passar horas diante do sacrário. Deus não se agrada da religião que esconde a injustiça e nem ouve suas preces: “O Altíssimo não gosta das ofertas dos injustos... Como quem imola o filho na presença do próprio pai, assim é aquele que oferece sacrifícios com os bens dos pobres. Quem tira os meios de vida dos pobres é assassino” (Eclo 34, 18-22). A partir da consciência e da compreensão da Igreja sobre a política, pode-se deduzir que um cristão pode alcançar nela sua santificação. Basta que, por meio dela, favoreça a vida de todos; favoreça a construção do Reino; enfrente as injustiças sociais em sua raiz; não tenha medo da profecia e dos conflitos; esteja enraizado no lugar social dos pobres e excluídos; seja profundamente sensível à dor e às aspirações dos que sofrem; seja inteligente e eficaz na ação.
O Catecismo da Igreja Católica diz que não usar as capacidades para transformar a realidade para melhor é homicídio: “Todo aquele que se der a práticas desonestas e mercantis que provoquem a fome e a morte dos
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seus irmãos de humanidade comete indiretamente um homicídio que é de sua responsabilidade” (CIC, 2269).
A Igreja não pode deixar de chamar a atenção dos cristãos empenhados hoje na política sobre a exigência de coerência. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015) apontam como uma das cinco urgências na evangelização: ser uma “Igreja a serviço da vida plena para todos”. Reafirmar com clareza e firmeza o chamado à coerência entre fé e opção política é uma grande responsabilidade pastoral da Igreja. Ela não pode se calar, nem mesmo se tivesse de correr o risco de ser julgada partidária. A omissão diante de tal desafio será cobrada por Deus e pela história futura.
Ao longo de sua história, a Igreja Católica no Brasil sempre teve presença significativa e atuante na vida do País. Inspirada e guiada pelo apelo radical do Evangelho, elaborou sua Doutrina Social e tem procurado dar sua contribuição para o bem comum. Exemplos disso são as Leis de iniciativa popular 9.840/1999, contra a corrupção eleitoral e a compra e venda de votos (voto não tem preço, tem consequências!), e a Lei 135/2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa. Aos eleitores, cabe ficar de olhos abertos para a ficha dos candidatos(as), principalmente se é membro de uma família que tem pessoas “Ficha Suja” e, por isso, impedidos de se candidatar, colocam outra pessoa em seu lugar.
As eleições de outubro serão uma excelente oportunidade para garantirmos vida com dignidade para todos. Participe de sua comunidade, Grupo, CEBs, Pastorais, Movimentos, Associação de Classes, Sindicatos etc. Estude e torne público e conhecido o conteúdo dos documentos da Igreja que tratam de política e eleições. Siga as orientações das Comunidades Paroquiais e das Regiões Pastorais que, por meio de seus Conselhos, assumiram apoiar pessoas historicamente engajadas nas Comunidades e Projetos que representam os anseios de uma sociedade justa e solidária. A construção de um mundo melhor precisa deixar de ser um sonho de poucos e passar a ser um compromisso de todos. A Arquidiocese de Maringá acredita que isso é possível.

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