Gestão municipal sob
ameaça
Conselheiro nacional do Ministério Público,
Luiz Moreira, defende a união dos prefeitos contra a criminalização dos
mandatos. Ele estará entre os palestrantes do II Encontro dos Municípios com o
Desenvolvimento Sustentável
O professor de Direito e conselheiro nacional
do Ministério Público, Luiz Moreira, nunca foi prefeito, mas conhece todas as
dificuldades daqueles que administram municípios, especialmente, cidades
pequenas, sem competências econômicas e políticas e distantes dos centros de
poder. Com cofres quase vazios e sob a vigilância da Justiça, empenham-se para
garantir serviços essenciais à população, remunerar servidores, manter em
funcionamento a máquina administrativa e cumprir as promessas de campanha.
O resultado após quatro anos de mandato quase
sempre é o mesmo. “O atual cenário encaminha 90% dos prefeitos, principalmente
os honestos, para o banco dos réus. Eles vão irremediavelmente responder ações
por improbidade administrativa. O que há é a criminalização do mandato”, afirma
Moreira, que escreveu o livro “Judicialização da Política”.
O jurista estará entre os palestrantes do II
Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS) – Desafios dos
novos governantes locais, que será realizado pela Frente
Nacional de Prefeitos (FNP), entre 23 e 25 de abril, em Brasília.
Moreira participará da Arena de Diálogos “Os
riscos judiciais de ser prefeito”, na tarde de 24 de abril. O secretário de
Desenvolvimento Econômico Local da FNP e ex-prefeito de São José dos Campos
(SP), Eduardo Cury, também participará do debate.
Em entrevista, Moreira afirma que a lógica do
não fazer imobiliza a gestão pública. “O gestor que não faz, não corre risco
algum. Portanto, ele não será processado.” Para romper a onda de ações na
Justiça que desestimulam os administradores municipais, ele recomenda a união
entre eles. “Mobilizem-se. O sistema que vigora no País é para prendê-los”,
diz.
1 – Como avalia a relação do Ministério
Público com os prefeitos?
É uma relação muito difícil e de dependência
dos prefeitos com os promotores. A pressuposição que há é de que o prefeito é
corrupto. Portanto, ele é um ser suspeito. A lógica do sistema é a policial,
que deve coibir eventuais abusos dos prefeitos.
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