Quando se encerrou o segundo turno das eleições municipais de 2000, José Cláudio Pereira Neto obteve 107.320 votos, 70% do total, tornando-se o novo prefeito de Maringá. A cidade vivia, então, a maior crise política e administrativa de sua história, o que conferia ao prefeito eleito um grande desafio.
José Cláudio não perdeu tempo lamentando a herança. Pelo contrário, em seu discurso de posse, afirmou que não estava assumindo o governo como síndico de uma massa falida, pois confiava na força da cidade e no labor de seu povo.
Consciente de que as urnas o haviam convertido em porta-voz “da esperança de realização do sonho de dias melhores”, reiterou o compromisso de realizar um governo democrático, transparente e ético, baseado na inversão de prioridades (vale dizer, priorizar os que mais precisam) e na participação popular. Resumiu: “nosso programa de governo estabelece que vida é a mais cara obra que temos a preservar e, durante os próximos quatro anos, nossa gente não terá que viver com os espetáculos tristes de corrupção e de descaso com o patrimônio público”.
Como o mandato de José Cláudio foi abreviado por seu precoce falecimento, pode-se indagar qual foi o seu legado para a história da cidade. Sua gestão, consideradas as condições existentes, foi bastante exitosa. Primeiro, debelou o esquema de corrupção. Segundo, comandou a reorganização da máquina administrativa e o saneamento das contas públicas. Terceiro, enquanto a prefeitura não recuperava sua capacidade para contrair financiamentos, realizou inúmeras obras de alcance social com recursos próprios do município. Quarto, governou com ampla rede de participação popular, exemplificada nos conselhos gestores e no programa Orçamento Participativo. Quinto, aliado ao processo de saneamento das finanças públicas, abriu as portas e o caminho para que o município recebesse os investimentos federais.
Na história, como se costuma dizer, não existe o “se”. De qualquer forma, podemos dizer, sem cometer exagero, que José Cláudio, se não fosse o fatal desfecho de sua doença, estava credenciado para disputar e vencer novo pleito. Preparou o terreno e plantou as sementes, mas não teve tempo para colher todos os frutos.
Para nós, do Partido dos Trabalhadores, o mandato de José Cláudio é motivo de orgulho, como exemplo das nossas convicções do que deve ser uma gestão pública. Mas ele deixou um exemplo pessoal que merece ser exaltado. Sua sensibilidade de homem público foi traduzida nesta passagem de seu discurso de posse, quando pediu aos membros de seu governo: “amem nossa cidade, cada árvore, cada rua, cada bairro, cada canto. Especialmente, amem os maringaenses, cada um deles, e cada criança, mais que tudo. Nossa presença no poder e no serviço público não vale nada se, ao sairmos à rua e encontrarmos um pai sem emprego, uma família sem ter o que almoçar ou jantar, uma criança abandonada na calçada ou jogada no lixão, não tivermos a sensibilidade de redobrarmos nossos esforços para exterminar a miséria. Se nosso rosto não corar de vergonha diante da miséria, é porque nós, políticos, não somos servidores e, de uma forma de outra, somos covardes ou desonestos!
Em 16 de setembro de 2003, Maringá perdeu um talentoso agente político, cuja importância tendia a crescer ao longo dos anos. A precoce interrupção de sua vida e de sua trajetória política nos impede de visualizar onde poderia chegar. De qualquer forma, por sua sensibilidade, por sua postura e por suas realizações, no período de que dispôs, José Cláudio deixou um exemplo eloquente do que deve ser um homem público.
Texto publicado no informativo do Partido dos Trabalhadores (PT) de Maringá – Setembro de 2013
Gabinete do vereador Carlos Mariucci (PT)
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